Web Rádio Chiado de Chinelo

sábado, 28 de maio de 2011

O twitter como ferramenta pedagógica

Mais uma vez as plataformas tecnológicas podem auxiliar no ensino-aprendizagem. Desta vez, pesquisadoras da Universidade Nacional de La Plata, na Argentina, mostram a partir de uma investigação, as possibilidades didáticas sobre o uso do Twitter como ferramenta pedagógica para trabalhar a produção de textos.

Abaixo segue a reportagem na íntegra:
Por Camila Monroe e Anderon Moço, da Revista Nova Escola. 


No artigo Culturas Escritas y Escuela: Viejas e Nuevas Diversidades, as pesquisadoras Natalia Zuazo e Mirta Castedo argumentam que o Twitter é uma ferramenta tecnológica que permite trabalhar com versões reduzidas de diferentes gêneros textuais, como notícias e contos, escritos em até 140 caracteres.
Na entrevista a seguir, as pesquisadoras falam sobre a produção de microcontos no site, comentam as intervenções do professor nesse processo e abordam a relação imediata entre autor e leitores, que caracteriza as publicações na rede social.

Em sua pesquisa, vocês tratam das possibilidades de interação entre o leitor e os autores na Internet. Isso também acontece no Twitter?
NATALIA ZUAZO Sim. No Twitter temos uma visão muito clara do autor. Ele escreve em primeira pessoa, vemos sua foto, o dia e a hora em que escreve. A ferramenta permite uma interação imediata, não editada, que vai construindo conjuntamente a história.

E como isso contribui com o trabalho em sala de aula?
MIRTA CASTEDO Depende do trabalho planejado. Se você propõe que a turma siga um autor, é relevante saber quem diz o quê, como ele está mudando ou mantendo o que diz. Se a proposta é seguir um tema, o foco será a argumentação. Se o trabalho é com uma seleção de tuítes literários, vale comparar os recursos da ferramenta com outros contos breves de autores consagrados. Talvez seja possível descobrir que alguém escreve como Monterroso [escritor guatemalteca, autor de "A ovelha negra e outras fábulas"] ou como em alguns contos breves de origem oriental.

É possível trabalhar os conteúdos de Língua Portuguesa utilizando o Twitter em escolas sem computadores ou acesso à Internet?
NATALIA Além da plataforma, que funciona como uma mistura de blog (porque publicamos textos cronologicamente, sempre com o mesmo autor) e de rede social (porque seguimos e somos seguidos pelos outros), faz parte da natureza do Twitter o imediatismo da publicação - escrevemos, publicamos e somos lidos, instantaneamente. Esse imediatismo condiciona a forma como os tuítes são concebidos. Por isso, não sei se faz muito sentido escrevê-los off-line e depois publicá-los quando tivermos acesso a um computador. No suporte online, a construção da história também se dá pelas interações com outras pessoas, que se misturam com o que escrevemos. Se não estamos online para ir construindo as histórias, um recurso importante da plataforma é desperdiçado.
MIRTA Não podemos esquecer que uma escola é uma escola. Isso significa que o grau de transformação das práticas sociais de referência na escola varia em função dos propósitos de ensino. Por isso, é indispensável mergulhar na prática e, depois, quando já se conhece a prática, o professor pode "parar" a ação para analisá-la. Nesse caso, tanto faz estar online ou não, porque é possível trabalhar com a análise de tuítes, sem produzi-los em tempo real.

É importante estudar modelos de microcontos antes de se começar o trabalho?
NATALIA Acho que é preciso estudar que características tornam um microconto bom. O Twitter oferece boas oportunidades para se estudar o gênero, sua história e ler contos curtos.
MIRTA Colocamos os alunos para produzir e, ao fazermos isso, ajudamos a turma a refletir sobre "como se faz", "por que", "sob quais condições", "quais são os efeitos" etc. Dessa forma, construímos modelos de produção e modelos de produtos. Não se trata apenas de mostrar e de explicar, mas de fazer (ler, escrever, responder, contra-argumentar) e refletir sobre o que se faz. Algo muito importante nesse contexto é fazer comparações: comparamos os tuítes com os relatos mínimos em papel preexistentes; a ironia no tuíte com a ironia em uma nota de jornal; a metáfora do tuíte com a da lírica. Porque o tema em questão não é somente o Twitter, mas a cultura escrita.



Modificar os textos é um ponto importante sobre a utilização do Twitter em sala? Como o professor pode lidar com essa questão no trabalho com microcontos?
NATALIA No Twitter é possível apagar um tuíte anterior, mas isso não é bem visto segundo as regras de etiqueta na rede ["netiqueta"]. Ele foi pensado para ser usado em tempo real, e a edição, a modificação ou a correção de textos é feita na vista de todos e fica documentada, tuíte por tuíte. Trata-se de uma plataforma que nos desnuda em nossa construção como escritores. Há quem a use com menos imediatismo e pense muito antes de escrever (editam os textos off-line ou passam muito tempo com a janela do Twitter aberta), outros que apagam os tuítes e outros que não se importam em desnudar a própria escrita para os outros. Se o objetivo é que sejamos conscientes da construção de um texto e de como o modificamos, o Twitter permite fazer isso interagindo com outras pessoas, mas em vez de o fazermos em uma lousa, utilizamos uma plataforma distinta. Se trabalharmos todos juntos construindo um microrrelato de 140 caracteres, podemos editar em conjunto.
MIRTA Ter um interlocutor que não é o professor e que comenta o tuíte, dizendo se entendeu ou não, se causou riso, se compreendeu o contrário do que o autor quis dizer, isso é uma grande vantagem pedagógica.

Nas redes sociais o autor tem uma grande liberdade. Como o professor orienta a produção de texto sem mudar essa prática social?
MIRTA A escola, em alguns momentos, tem que transformar certas condições de circulação e produção dos gêneros justamente para poder estudá-los. Mas, por que isso seria perder a liberdade de autor? Trata-se de uma orientação para que o autor-aluno tenha liberdade de expressar com precisão o que quer dizer.

Quanto à socialização do conteúdo, a publicação na internet basta ou o professor deve criar outras estratégias de divulgação, como a produção de murais na escola?
NATALIA É possível criar outras estratégias de divulgação. Mas, se um mural for criado na escola, é preciso deixar espaço para comentários ou interações, porque senão é como ter um livro na biblioteca com as cinco últimas páginas faltando: vai faltar algo construtivo, que faz com que ele não seja mais um livro.
MIRTA Vamos imaginar uma "semana de Twitter" sobre um assunto de interesse, como por exemplo, o uso do pátio no recreio, onde alunos, professores e funcionários intervêm. Nesse caso, algum grupo poderia tirar conclusões a respeito do assunto e publicá-las para toda a escola. Mas se a situação refere-se a um blog sobre os livros mais recomendados pelos alunos, dando outro exemplo, para que seria necessário publicá-lo em papel? Tudo depende da situação e do gênero trabalhado.

A maioria dos livros didáticos não traz informações sobre essas novas formas de produção de texto. Quais materiais de apoio teórico estão disponíveis para o professor?
NATALIA Os livros não precisam trazer informações sobre "o que é o Twitter", mas sobre o que podemos fazer com ele. Dois aspectos são importantes nesse caso: o técnico e o criativo. O técnico está no Google. Publicar um tuíte não é muito diferente de mandar uma mensagem de texto. Já o criativo pode estar em um livro que fale sobre como escrever um conto, como escrever histórias curtas, que aspectos precisam estar presentes em um texto para gerar mistério, tensão, ironia, poesia. O Twitter é uma plataforma que deve ser usada para se escrever textos com diferentes funções (informar, narrar, fazer rir, fazer pensar). Os novos discursos são construções, na maioria das vezes, baseadas em identidades prévias, das quais nos apropriamos e as modificamos para criar algo novo, mas nunca é completamente novo. Da mesma forma que uma carta e um email são duas variedades do gênero epistolar e um blog pode ser uma variação do gênero diário, da autobiografia ou até mesmo do ensaio, um tuíte é um microrrelato construído em uma nova plataforma, que permite outras possibilidades de interação.


domingo, 22 de maio de 2011

A polêmica do livro distribuído pelo MEC


Há algumas semanas vem se discutindo a respeito do livro didático o qual o MEC distribuiu em 4.236 escolas do país. Um capítulo do livro fala que numa variedade linguística popular é possível dizer   "Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado", ou seja, válida mesmo com erros de concordâncias. Isso gerou uma polêmica por parte de estudiosos, jornalistas e até linguístas que repudiaram o livro sem analisá-lo. 

As pessoas estão julgando o livro sem conhecer o que ele aborda, ou porque são ainda muito conservadores em relação à gramática tradicional. Se esses estudiosos levassem em consideração a linguística/sociolinguística perceberiam que um ensino como o livro está trazendo, integra os indivíduos e rompe com as barreiras sociais, uma vez que todos são falantes e por isso passíveis de "erro". O "erro" o qual falo é aquilo que falamos/escrevemos sem seguir a norma culta, determinada pela gramática.

Quando estudamos sociolinguística aprendemos que existem váriáveis linguísticas as quais permitem que o falante faça uso da língua conforme sua realidade social, não considerando como erro e sim como uma nova forma de dizer algo, sem que o sentido mude. 

A pessoa como falante sempre vai falar diferente de como escreve e isso não quer dizer que o falante seja iletrado. Aprendemos a língua portuguesa mediante o uso dela, não através de regras, certo que as regras servem para nos guiar e nos adequar a situações formais do uso da língua. Está aí a palavra correta, adequação!

O livro do MEC está corretíssimo ao afirmar que a maneira de falar/escrever deve seguir uma adequação mediante o contexto. Nesse sentido, destaco que nem só de normas cultas vive o homem, mas de novas formas de uso da língua, formando cidadãos que utilizem a língua de formas flexíveis, quebrando o tabu do que é escrever certo ou errado. Afinal o que conseguimos primeiro quando crianças é falar e não escrever. 

Tudo hoje é relativo!

Novas Tecnologias na Sala de aula

Em tempos hodiernos, as novas tecnologias tem tomado conta de várias instâncias, sobretudo a sala de aula, uma vez que todas as pessoas estão em constante contato com algum aparato tecnológico. Nesse sentido, é interessante se pensar em novas formas/metodologias de ensino-aprendizagem na sala de aula a partir do uso das novas tecnologias, sobretudo a Internet, de modo que a interatividade e o caráter sócio-cognitivo que as ferramentas possuem, juntamente com o aspecto colaborativo, possam permear  novas formas de aprendizado e sociabilidade, utilizando os aparatos de modo consciente e proveitoso.
Como exemplo, segue abaixo uma matéria sobre uma escola em Porto Alegre a qual utiliza o IPAD na sala de aula.

Os alunos de 3 a 6 anos matriculados na educação infantil do Colégio Israelita Brasileira, em Porto Alegre, são alfabetizados com ajuda dos tablets iPad. Cerca de 130 crianças têm aulas semanais com o aparelho.
As atividades são propostas de forma individual, em dupla ou em grupo de até quatro pessoas. O iPad foi escolhido pela instituição, segundo a coordenação, pela facilidade no manuseio e seleção das informações na tela através do sistema touch screen, pela diversidade de aplicativos e softwares disponíveis para uso pedagógico e pela tela multitoque, que facilita as trocas entre os alunos.

A coordenadora pedagógica de educação infantil do Israelita, Ana Margarida Chiavaro Machado, afirmou que o Projeto iPad na Sala de Aula está atrelado à proposta curricular da instituição de ensino. "Com brincadeiras, jogos e outros aplicativos atingimos todos os tipos de alunos. As crianças estão muito acostumadas com o touch, por isso há facilidade de aprendizagem."
Com os tablets as crianças aprendem a fazer o traçado dos números, têm atividades com as próprias fotos e nomes, entre outras.
Para Ana Margarida, ao mesmo tempo que o Ipad ajuda a alfabetizar favorece, entre outros fatores, a interação, curiosidade, trabalho em grupo, coordenação motora e trocas afetivas entre as crianças. O objetivo, segundo a coordenadora, é expandir o projeto para os alunos dos ensinos fundamental e médio.


quarta-feira, 18 de maio de 2011

Prova Brasil: entenda como é organizada a avaliação

(Nova Escola)
Este ano acontece a quarta edição do exame, saiba quais habilidades e competências serão cobradas dos alunos
No segundo semestre de 2011 acontece a quarta edição da Prova Brasil. A avaliação é realizada de dois em dois anos pelo Ministério da Educação (MEC) para medir os conhecimentos de Matemática e Língua Portuguesa dos alunos de 5º e 9º anos do Ensino Fundamental. A prova é aplicada a toda a rede pública urbana. Para escolas particulares e rurais, a avaliação é amostral - sendo aplicada apenas em algumas instituições.

A Prova Brasil foi criada com base nas propostas curriculares de alguns estados e municípios e nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Uma comissão do MEC analisou o material e, dos pontos em comum, elaborou uma matriz de referência. Essa, por sua vez, não engloba todo o currículo escolar, e sim as habilidades e competências que precisam ser aferidas. Cada uma delas é sintetizada por um descritor.

Na prova de Matemática, são avaliadas as habilidades de resolver problemas em quatro temas: espaço e forma, números e operações, grandezas e medidas e tratamento da informação. Para o 5º ano, são 28 descritores e para o 9º ano, são 37 descritores.

A prova de Língua Portuguesa, por sua vez, avalia apenas habilidades de leitura, representadas por 15 descritores para o 5º ano e 21 descritores para o 9º. Eles estão agrupados em cinco blocos: procedimentos de leitura; implicação do suporte, do gênero e/ou do enunciador na compreensão do texto; relação entre textos; coerência e coesão no processamento do texto; relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido e variação linguística.
Para ajudar no trabalho
Para ajudar os professores a conhecer melhor a Prova Brasil e saber como esses descritores são avaliados, o Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) montaram modelos de avaliação nos mesmos moldes da prova.
Confira nos links ao lado a análise de 96 itens semelhantes aos da Prova Brasil, com orientações didáticas para que os alunos se familiarizem com ela. Uma equipe de cinco consultores analisou cada um deles, descrevendo os possíveis caminhos que o aluno pode seguir para chegar à solução. Em seguida, estão relacionadas possibilidades de orientações para organizar atividades sobre os diversos temas em sala de aula.

Cleusa Capelossi, professora da Escola da Vila, em São Paulo, dá as dicas para a prova de Matemática do 5º ano. Beatriz Gouveia, coordenadora do programa Além das Letras, do Instituto Avisa Lá, e Kátia Brakling, professora do Instituto Superior de Educação Vera Cruz, ambos em São Paulo, fazem o mesmo para as questões de Língua Portuguesa do 5º ano.

As perguntas de Matemática que serão resolvidas pelos jovens do 9º ano foram esmiuçadas por Luciana do Oliveira Gerzoschkowitz Moura, também professora da Escola da Vila, e Claudio Bazzoni, assessor de Língua Portuguesa da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo e selecionador do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10, analisou os itens do exame de Língua Portuguesa do 9º ano. Bom trabalho!

Pré-teste em todo o país
A Prova Brasil é formulada por especialistas de cada área com experiência em sala de aula. Eles fazem a classificação do grau de complexidade das questões com base nos raciocínios que os alunos podem utilizar. Antes de chegar à Prova Brasil, as perguntas passam por um pré-teste para saber como os alunos as resolvem. "Elas são aplicadas a uma grande amostragem de estudantes de todo o país", diz Condé. "Com isso, verificamos como um item é interpretado e resolvido e quais têm possibilidade de acerto por chute, ou seja, sem o conhecimento do conteúdo. Esses são eliminados do banco de questões."

É atribuída uma pontuação para cada questão, o que permite classificá-la numa escala numérica de zero a 500, que define as habilidades ou competências já construídas pelo estudante. Chega-se, então, ao último passo do processo, que é a escolha, entre as pré-testadas, das perguntas que irão compor a prova. No balanço geral, segundo Condé, cerca de 60% são classificadas num grau médio de complexidade. As demais se dividem entre fáceis e difíceis. Na elaboração do exame, também há a preocupação de começar pelas questões mais fáceis para não desestimular os alunos.

Como a nota é divulgada
O objetivo da Prova Brasil não é avaliar o aluno, e sim o sistema. Por isso, o resultado é divulgado por escola e pode ser consultado no site provabrasil.inep.gov.br. Também não é uma nota de 0 a 10, como em provas comuns. Ela é uma média e mostra em que ponto da escala de 0 a 500 os alunos de determinada instituição estão nas duas disciplinas. Essa posição indica as habilidades já conquistadas, as que ainda estão em construção e as que necessitam de retomada para que sejam desenvolvidas. Esse dado permite à escola comparar o desempenho dos estudantes com a média do município, do estado e do Brasil. As que já participaram das outras edições podem avaliar em que pontos houve avanço em relação às notas anteriores e em quais disciplinas é preciso investir e planejar e formação de professores. Finalmente, cabe o questionamento: como a escola está em relação às metas traçadas para o ano? "Analisando o desempenho dos alunos na Prova Brasil, os professores verificam em que momento da construção do conhecimento os alunos estão e o que precisa ser reforçado em sala de aula para que eles continuem avançando", observa Condé.

PNE 2011-2020: uma nova chance para velhas necessidades

Decidir quem paga a conta e o que fazer com quem não cumprir as metas é condição para tirar do papel o Plano Nacional de Educação (PNE)
Ivan Paganotti e Rodrigo Ratier (novaescola@atleitor.com.br)

A hipótese otimista promete impulsionar o país rumo a outro patamar de desenvolvimento. Se cumprido integralmente, o novo Plano Nacional de Educação (PNE) pode, em dez anos, universalizar a Educação Básica para crianças e jovens de 4 a 17 anos e alfabetizar todas as crianças até os 8 anos de idade (mais 17 milhões de jovens e adultos). A alternativa pessimista... Bem, essa é velha conhecida. Se o plano não sair do papel, vai se somar aos inúmeros projetos que enfeitam prateleiras com sonhos nunca concretizados.

Não é a primeira vez que o governo federal tenta formular um guia para as políticas públicas em Educação. A primeira bússola sugerida foi a versão anterior do PNE, que vigorou de 2001 a 2010. Produzida no fim do segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, apresentava 295 metas e um diagnóstico complexo do setor. Não deu certo por várias razões. A quantidade de objetivos contou contra, diluindo as demandas e tirando o foco do essencial. Segundo, muitas da metas não eram mensuráveis, o que dificultou seu acompanhamento. Também faltaram regras com punições para quem não cumprisse as determinações. Finalmente - e, talvez, o mais importante: um dos artigos do plano foi vetado pela presidência. Era a proposta de aumentar a parcela do Produto Interno Bruto (PIB) investida em Educação de 4 para 7%. Sem dizer de onde viria o dinheiro, o PNE de 2001 virou letra morta antes de nascer.

A nova edição parece ter ganho com os erros do passado. Centrado nas demandas da Conferência Nacional de Educação (Conae) do ano passado, o Ministério da Educação (MEC) preparou um plano que começa agora a ser debatido pelo Congresso, aguardando a aprovação dos parlamentares. Sucinto, o documento tem 20 metas, a grande maioria quantificável por estatísticas. Além das citadas no início deste texto, outras seis dizem respeito à Educação Infantil e ao Ensino Fundamental: universalizar o atendimento aos estudantes com deficiência, oferecer ensino em tempo integral em 50% da rede pública, atingir média 6 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) nas séries iniciais e 5,5 nas finais, oferecer 25% das matrículas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) integradas à Educação profissional nas séries finais, atender 50% das crianças de até 3 anos e erradicar o analfabetismo - as duas últimas, reedições do PNE de 2001, o que dá uma medida do fracasso da antiga versão.

À la claire fontaine

OS IMPACTOS DO IDEB NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Resumo

Com o objetivo de investigar como a implantação do IDEB vem interferindo na organização da escola e na organização do trabalho escolar nos últimos anos do Ensino Fundamental no município de Campina Grande-PB, o presente texto vem ampliar as discussões em torno da divulgação do IDEB. Parte do pressuposto de que essa política modifica a dinâmica escolar e o trabalho docente na educação básica à medida que acaba levando os profissionais da educação a ajustarem as atividades da escola ao conteúdo cobrado nessas provas estandardizadas, a fim de, elevarem os índices. Para tanto, esse estudo examina artigos acadêmicos que refletem acerca dessa temática, assim como a Legislação Federal que trata da avaliação do sistema educacional e da qualidade da educação básica e notas do IDEB nos anos finais do Ensino Fundamental de Campina Grande. Além disso, fundamenta-se na análise das entrevistas realizadas com membros da equipe pedagógica e com professores de Língua Portuguesa e Matemática que atuam nas escolas que obtiveram no ano de 2005, respectivamente, o maior e o menor IDEB anos finais do Ensino Fundamental em Campina Grande-PB. O presente estudo, além de confirmar a hipótese, constatou que os profissionais da educação, apesar de incorporarem a lógica do IDEB no interior das escolas, não conseguem perceber os impactos desse índice na organização escolar e em seu trabalho.

Palavras-chave: IDEB. Organização escolar. Trabalho docente.

Elaine Reis

O PAPEL DA MONITORIA NA CONSTRUÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO/ APRENDIZAGEM DA DOCÊNCIA

RESUMO

Inúmeras expectativas envolvem os monitores, sobretudo os que exercem essa atividade pela primeira vez. Questionamentos como se terá uma boa aceitação por parte da turma, se irá corresponder às expectativas da professora responsável pela disciplina ou mesmo se conseguirá desenvolver um bom trabalho de orientação junto dos graduandos perpassam os anseios dos monitores iniciantes. Tendo em vista que, a cada dia, a monitoria tem chamado a atenção de um número maior de graduandos, este trabalho tem como objetivo socializar as experiências vividas junto à atividade de monitoria, refletindo sobre sua contribuição para com a aprendizagem dos graduandos que cursam as disciplinas e para os monitores no que diz respeito à construção do conhecimento relacionado ao trabalho docente em nível do Ensino Superior. Logo, o estudo apresenta um panorama geral da monitoria realizada junto à disciplina: Prática de leitura e produção de textos II(PLPT II), oferecida pelo curso de Letras da Universidade Federal de Campina Grande, no período 2010.1, noturno que, normalmente, é ofertada no 2° período, atendendo apenas ao curso de Letras. Conclui-se que, através dessa atividade, o monitor tem a oportunidade de experimentar uma maneira diferenciada de aprender e interagir com o professor da Academia, com os colegas da graduação e com a própria disciplina.

Palavras-chave: Monitoria. Processo de ensino/aprendizagem. Docência

Elaine Reis

A POESIA INFANTIL NA SALA DE AULA: LENDO E BRINCANDO COM POEMAS DE JOSÉ PAULO PAES

RESUMO

Embora as discussões em torno do trabalho com a poesia infantil na sala de aula tenham avançado, percebemos que as atividades significativas com poemas ainda são pouco exploradas no contexto escolar. Sendo assim, conscientes da importância de se trabalhar com esse gênero junto às crianças, desde os primeiros anos da trajetória escolar, nos propomos, com esse trabalho, a tecer algumas reflexões sobre o ensino da poesia infantil na sala de aula, a partir de poemas de José Paulo Paes. Para tanto, traçamos inicialmente um percurso histórico da poesia infantil, desde o século XIX até o momento atual, em seguida, destacamos a relevância da poesia infantil no contexto escolar, discutimos sobre o trabalho com a poesia na sala de aula e, por fim, enfocamos a leitura de três poemas de José Paulo Paes. Este estudo nos leva a reconhecer que, através da leitura de poemas ricos, tanto na forma quanto no conteúdo, como os de Paes, é possível ampliar o imaginário infantil e despertar o prazer pela leitura de poemas.

Palavras - chave: Poesia infantil. Ensino. José Paulo Paes.

Lidiane Reis e Elaine Reis